terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Um dia vazio


O feriado do 1º de Dezembro não me diz muito confesso. Na escola, a História de Portugal passava pelo período filipino a voar e acabava em 1640 com a "Restauração da Independência". Pouco era dito sobre como isso teria sucedido, as suas razões e consequências. Era normal, afinal de contas mais não éramos que miúdos. Só que, em idade adulta, pouco se fala sobre o assunto. Já na altura me parecia estranho que a Coroa Espanhola deixasse escapar tão facilmente uma jóia que incluía o resto da América do Sul e partes interessantes de África. Hoje, depois de ler este post do Rui Bebiano, vejo que nada foi assim tão fácil, que a independência não nasceu do nada nem o domínio espanhol caiu de podre.

E, sinceramente, é pena. Se me perguntarem se tenho orgulho em ser português, não serei capaz de responder. Gosto de o ser, mas apenas e só porque foi nesse país que nasci e cresci, foi a esse país que me habituei. Identifico-me com algumas das características portuguesas, talvez, mas essas serão partilhadas por 90% dos habitantes de países na orla mediterrânica. A minha maior identidade portuguesa vem de ver desporto em que intervenha Portugal e daquilo que poderei consumir à mesa. Se para o primeiro caso foi necessária alguma independência, para o segundo esta era indiferente.

Assim sendo, o 1º de Dezembro foi para mim, ao longo de vinte e cinco anos, apenas e só um feriado, um dia em que não precisava de ir à escola. Hoje, já com oito primeiros de dezembro vividos fora de Portugal, o dia não me diz rigorosamente nada. É vazio.

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