segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Colher de humor



Diz o Tiago Oliveira Cavaco que o humor é sobrestimado (prefiro esta designação à inglesa overrated). Pelo menos na vertente do fazer pensar. Concordo e discordo. Concordo porque é difícil fazer humor inteligente, daquele que estabelece a sua posição, mostra a gag e ainda deixa espaço para pensar. Como exemplo, vejam-se os Gato Fedorento dos tempos da SIC Radical, com as suas piadas de fácil compreensão mas com a aberta final para o «hmm, será que é mesmo assim?...» de dedo no queixo, testa enrugada e olhos desfocados enquanto se vasculha a memória. Os Gato Fedorento da RTP e da SIC generalista já são mais apontadores, fazedores de opinião e menos interrogatórios. São, como já li por aí, mais Contra-Informação e menos Monty Python.

Por outro lado discordo no sentido em que o humor, mesmo longe do nível acima referido (GF da SIC-R e Monty Python), pode ajudar a pensar. Uma piada bem colocada, mesmo que não sendo de enorme nível, pode ajudar a engolir uma verdade e olear o processo de pensamento. É a piada de café, que acompanha observações mais pertinentes. De certa forma é a colher de açúcar que faz o medicamento descer. Mary Poppins dixit.

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