quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Técnica, táctica ou nenhuma delas?


Depois da ida de Scolari, que acompanhei com um suspiroso «até que enfim!...», veio Carlos Queirós. Confesso que gosto de Queirós. Gosta de futebol bonito, de dar liberdade aos jogadores e ainda é o responsável pelos únicos títulos que Portugal alguma vez conquistou em que competição fosse.

Só que Queirós não é um grande treinador. Tem coisas em que é superior a Scolari: tecnicamente (muitíssimo superior) e tacticamente (apenas algo superior). Já em termos de motivação e criação de espírito de grupo é inferior, muitíssimo inferior. E em leitura de jogos não sei, mas Scolari sempre fez moficações que davam bons resultados, fossem disparatadas ou não. A grande vantagem, aos meus olhos, que Queirós possui sobre Scolari é, simplesmente, não ser Scolari. Não é arrogante, parvo, ostensivo, etc e tal. É outras coisas, mas não é Scolari e, depois de seis anos de Scolari, eu já andava farto de Scolari.

E a qualificação não começou mal. Queirós chamou alguns novos jogadores, aproveitou outros de Scolari, largou uns quantos que Scolari acarinhava mesmo que fossem o maior desastre da história do futebol mundial (sim, Ricardo) e colocou-os a jogar bem. Mesmo bem. O jogo contra a Dinamarca deveria ter dado goleada das grossas, tantas foram as oportunidades perdidas. Mas não deu e quem marca mais golos é quem merece ganhar.

Até ontem, mesmo depois do empae contra a Suécia, isto não me preocupava. Scolari passou dois anos a perder jogos na preparação para o Euro2004. Tivesse sido por qualificação e cheira-me que não estaria hoje no Chelsea. Na última qualificação, para o Euro2008, empatou em casa contra todos os concorrentes directos, potências como a Sérvia, Finlândia e Polónia e fez o mesmo fora, com a excepção do jogo contra a Polónia, que perdeu. Queirós não estava a fazer nada de diferente até ontem.

Só que ontem fê-lo: empatou contra a Albânia. Sim, a Albânia. Não importa que faltassem Deco, Simão, Maniche ou Bosingwa. Empatou. A zero. Nem um golo conseguiu. Até aquele Portugal de 87 do Jorge Plácido conseguiu marcar a Malta. Este jogo não deu para isso.

Não vi o jogo, porque pura e simplesmente não consegui. Mas ouvi na rádio e li o que se ia passando. E ia pasmando. Queirós ainda julga que atacar significa ir metendo mais e mais avançados. Jogar com Nani, Crisnaldo, Quaresma, Nuno Gomes e Hugo Almeida ao mesmo tempo é ridículo. Alguém lhe diga que a arma dos nossos extremos é a aceleração e a velocidade. Mais gente em menos espaço retira essa hipótese. E manter dois defesas centrais até ao fim de um jogo em que a Albânia joga com 10 e não ataca soa a ridículo.

Não sei realmente o que pensar disto. Scolari não me dá saudades nenhumas, sinceramente, antes a não-qualificação. Só que Queirós não dá confiança nenhuma como seleccionador. Parece ser um excelente assistente (o título europeu do Manchester United é tanto dele como de Ferguson), mas não dá como técnico máximo. Pergunto-me se não iremos a tempo de emendar a mão. Seria boa oportunidade para pôr a andar o Madaíl e trazer o Manuel José para treinador. Mas Queirós deveria ficar. Como responsável técnico ou algo do género. Aquele tipo que orienta os treinos e cria um sistema comum a todas as selecções. Assim aproveitar-se-ia aquilo que ele sabe fazer. E de Manuel José o mesmo, especialmente aquele olhinho táctico.

Em alternativa, deixe-se a equipa quietinha sem treinador. Tragam-se apenas o Figo, o Rui Costa e o Fernando Couto para umas palavrinhas antes dos jogos e pronto. Era o melhor que se fazia. Com tanta qualidade ali ao dispôr, mexer tacticamente é estragar. Como Queirós tem demonstrado.

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