Depois da ida de Scolari, que acompanhei com um suspiroso «até que enfim!...», veio Carlos Queirós. Confesso que gosto de Queirós. Gosta de futebol bonito, de dar liberdade aos jogadores e ainda é o responsável pelos únicos títulos que Portugal alguma vez conquistou em que competição fosse.
Só que Queirós não é um grande treinador. Tem coisas em que é superior a Scolari: tecnicamente (muitíssimo superior) e tacticamente (apenas algo superior). Já em termos de motivação e criação de espírito de grupo é inferior, muitíssimo inferior. E em leitura de jogos não sei, mas Scolari sempre fez moficações que davam bons resultados, fossem disparatadas ou não. A grande vantagem, aos meus olhos, que Queirós possui sobre Scolari é, simplesmente, não ser Scolari. Não é arrogante, parvo, ostensivo, etc e tal. É outras coisas, mas não é Scolari e, depois de seis anos de Scolari, eu já andava farto de Scolari.
E a qualificação não começou mal. Queirós chamou alguns novos jogadores, aproveitou outros de Scolari, largou uns quantos que Scolari acarinhava mesmo que fossem o maior desastre da história do futebol mundial (sim, Ricardo) e colocou-os a jogar bem. Mesmo bem. O jogo contra a Dinamarca deveria ter dado goleada das grossas, tantas foram as oportunidades perdidas. Mas não deu e quem marca mais golos é quem merece ganhar.
Até ontem, mesmo depois do empae contra a Suécia, isto não me preocupava. Scolari passou dois anos a perder jogos na preparação para o Euro2004. Tivesse sido por qualificação e cheira-me que não estaria hoje no Chelsea. Na última qualificação, para o Euro2008, empatou em casa contra todos os concorrentes directos, potências como a Sérvia, Finlândia e Polónia e fez o mesmo fora, com a excepção do jogo contra a Polónia, que perdeu. Queirós não estava a fazer nada de diferente até ontem.
Só que ontem fê-lo: empatou contra a Albânia. Sim, a Albânia. Não importa que faltassem Deco, Simão, Maniche ou Bosingwa. Empatou. A zero. Nem um golo conseguiu. Até aquele Portugal de 87 do Jorge Plácido conseguiu marcar a Malta. Este jogo não deu para isso.
Não vi o jogo, porque pura e simplesmente não consegui. Mas ouvi na rádio e li o que se ia passando. E ia pasmando. Queirós ainda julga que atacar significa ir metendo mais e mais avançados. Jogar com Nani, Crisnaldo, Quaresma, Nuno Gomes e Hugo Almeida ao mesmo tempo é ridículo. Alguém lhe diga que a arma dos nossos extremos é a aceleração e a velocidade. Mais gente em menos espaço retira essa hipótese. E manter dois defesas centrais até ao fim de um jogo em que a Albânia joga com 10 e não ataca soa a ridículo.
Não sei realmente o que pensar disto. Scolari não me dá saudades nenhumas, sinceramente, antes a não-qualificação. Só que Queirós não dá confiança nenhuma como seleccionador. Parece ser um excelente assistente (o título europeu do Manchester United é tanto dele como de Ferguson), mas não dá como técnico máximo. Pergunto-me se não iremos a tempo de emendar a mão. Seria boa oportunidade para pôr a andar o Madaíl e trazer o Manuel José para treinador. Mas Queirós deveria ficar. Como responsável técnico ou algo do género. Aquele tipo que orienta os treinos e cria um sistema comum a todas as selecções. Assim aproveitar-se-ia aquilo que ele sabe fazer. E de Manuel José o mesmo, especialmente aquele olhinho táctico.
Em alternativa, deixe-se a equipa quietinha sem treinador. Tragam-se apenas o Figo, o Rui Costa e o Fernando Couto para umas palavrinhas antes dos jogos e pronto. Era o melhor que se fazia. Com tanta qualidade ali ao dispôr, mexer tacticamente é estragar. Como Queirós tem demonstrado.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Técnica, táctica ou nenhuma delas?
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