sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Os verdadeiros olímpicos

Sim, Nélson Évora está de parabéns e é por ele que se seguem os jogos. Mas é por pessoas como o António Pereira e o Augusto Cardoso que os Jogos Olímpicos são o que são. O primeiro é electricista de construção civil. O segundo pinta gruas. Depois de trabalharem oito horas por dia (que é o que dizem que trabalham, que eu suspeito que frequentemente seja bem mais) ainda têm força e dedicação para se prepararem para os 50 km marcha. Sim, leram bem, 50 km. Cinquenta quilómetros.

Os senhores que gostam de se queixar da falta de medalhas deveriam colocar os olhos nestes dois atletas. Amadores, é certo, mas com mais profissionalismo que muitos outros. Não vão pelo ouro, nem pela prata nem pelo bronze. Não vão pela glória. Desconfio que nem receberão dinheiro do Comité Olímpico Português que lhes pague sequer os electrólitos que beberão durante os treinos. Mas vão, seguem, sofrem, arriscam e concluem as provas. Um bateu o recorde nacional e chegou entre os 16 primeiros. O outro chegou em 40º depois de febre e vómitos mesmo tendo o 56º tempo entre os participantes. O olimpismo é, na verdade, isto.

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