segunda-feira, 7 de julho de 2008

O abismo e o dinheiro


Em Janeiro, uns dias antes de regressar de Portugal, recebi um telefonema do meu banco a perguntar-me se eu desejaria contrair um empréstimo até, creio, sete mil euros. Confesso que fiquei um pouco surpreso, afinal de contas estas ofertas costumam surgir em anúncios, não através de telefonemas. Ainda fiquei na dúvida se seria uma qualquer oferta que o banco, generoso como poucos, não estaria a fazer pelo meu cumprimento do outro empréstimo, na casa dos 100 mil euros, que por lá tenho. Não, obviamente que não. Eram sete mil euros para ser devolvidos, imagino que a juros baixos, alongados no tempo e da forma mais indolor possível.

Recusei, obviamente. Não vou andar a contrair dívidas que não necessito e, especialmente, não as contraio se não as solicitar eu. Mas o assunto deixou-me a pensar no que passa pela cabeça dos senhores gestores de bancos, que oferecem dinheiro a qualquer um apenas porque sim.

O resultado destas acções ficou claro há não muito tempo nos EUA. E na Europa. E um pouco por todo o mundo. Entretanto, a minha prestação já aumentou uns 30% (e ainda não confirmei o aumento com este último acerto do BCE), mesmo sem me preocupar com os tais sete mil euros. Convenhamos, esta é uma receita para o abismo. Nosso e dos bancos. E no fundo não há notas a acolchoar a queda.

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