domingo, 22 de junho de 2008

A hubris portuguesa


Nunca o futebol português deu tanto ao mundo como na passada quinta-feira. Ao fim de duas décadas foi possível ver reeditada a famosa máxima de Gary Lineker: «O futebol é um jogo com uma bola, onze jogadores para cada lado e no fim ganha a Alemanha».

A verdade é que, há dois anos, não foi possível ver esta máxima em prática no mundial por duas razões: a Alemanha jogava em casa - o que altera as percepções dos jogadores, que passam a pensar que são os melhores do mundo - e porque o jogo estava, estranhamente, bonito. Talvez esta segunda razão fosse consequência da primeira, mas não importa. A Alemanha, aquela Alemanha que é um rolo triturador e que ganha jogando um futebol feio e nada técnico (ao contrário da Itália, que ganha jogando um futebol feio e muito técnico) só apareceu, pela primeira vez desde 1996, naquela quinta-feira em Basel.

Os portugueses ajudaram, é verdade. Anunciaram a equipa no dia anterior, alinharam com pesos pluma e não deram apoio ao melhor jogador (e quase único que não perde no confronto físico com os adversários directos). Aliás, fez pena ver Ronaldo rodeado por quatro ou cinco alemães e saber, por uma questão de aritmética, que deveria haver uns três ou quatro jogadores portugueses livres. Mas Scolari é brasileiro e Portugal colonizou o Brasil, o que significa que devemos ter exportado para lá a nossa ineptidão a matemática, e não percebeu que bastaria dar ali um apoiozinho ao puto para lançar ataques completamente desequilibradores. Os alemães, pragmáticos, viram a coisa como uma linha Maginot luso-futebolística e agradeceram.

Na verdade, o único que parece ter tido lições de matemática e que tem ar de dormir com Os Elementos de Euclides na mesa de cabeceira é o Deco. Não só sabe que um marcador nas costas é um jogador a menos no ataque como percebe que tomar os jogadores como pontos ajuda para traçar linhas geométricas. Infelizmente os seus colegas e, especialmente, o treinador, parecem ter preferido os malabarismos às aulas de matemática.

Referir aqui a falta de Maniche, outro jogador que tem umas noções de geometria, ou o uso de Ricardo, que precisa de umas lições rápidas em física newtoniana, seria chover no molhado. Aquelas marcações nas bolas paradas são de jogadores que julgam que os pontos que vêem nos diagramas do treinador não se mexem.

No fundo tudo normal. Portugal foi chutado por uma equipa melhor. Ou antes, Portugal foi eliminado por uma equipa. A coroa de glória deste Europeu poderá passar por termos conseguido consolidar no último minuto uma vitória contra a Turquia. O resto não passou de uma excursão ao som de Roberto Leal, música que ficaria mal num torneio co-organizado pelo país onde se popularizaram Beethoven, Mozart ou Haydn. Isto cheirava a hubris por todos os poros. Saiu à força de Wagner.

1 comentário:

de.puta.madre disse...

Nada disso.
Fomos EnRatados pela Alemanha!

Explico:

A Alemanha fez bluff no Jogo com a Croácia. ( A Croácia também saiu mascarada, como se bem viu no jogo com a Turquia. E viva a Turquia!)

O Jogo - Alemanha-Croácia - ao qual prestamos a atenção errada ( o Scolari especialmente, ele e os jogadores) foi um jogo de engodo - foram simuladas falsas fragilidades, para mascarar as verdadeiras.

A Alemanha apostou bem! Mais vale uns Lusos-folgazões e semi-iludidos com as pseudo-fragilidades Alemãs ( Daí! O muito inteligente 2 lugar no seu grupo) do que uns Lusos-em-crescendo-de-confirmado-favoritismo-com-pózinhos-de-conquistadores-dos-mares-&etc. e mais perigoso: com a informação certa sobre o valor da Alemanha. BOM BLUFF!

Fomos ingénuos. Claro que as histórias dos frangos no quintal do Ricardo devem ter chegado à Alemanha. ( Não esquecer que o Ricardo tirou os 3 à Inglaterra!!!)

Conclusão: fomos EnRatados, puros e singelos Ratos na armadilha Alemã. Não é só o CR que está agora com o chupa a mão! ...
PS.: Foi um Ale-MANHA – Portugal. Viva a Turquia!